domingo, 23 de março de 2014

Nova Teoria do Sebastianismo

Já percebi, se calhar é por causa dos “novos sebastianismos” que algumas salas de professores estão transformadas em cemitérios, onde os mortos vivos olham de soslaio uns para os outros à espera que o parceiro do lado, tal qual D. Sebastião, se decida a lutar por eles e a resolver-lhes os problemas. Por isso se agridem com mesquinhices, invejas e complexos de inferioridade de “doutorzecos da mula ruça”. Não lhes chega o ministério a fazer de Diabo, eles tornam-se em camafeus maiores, quando por um qualquer erro da astrofísica se acham com poder e indignidade para cuspirem nos colegas. Estão pior que nunca e nada acontece.
Dai-lhes senhor o eterno descanso de uma caverna de Platão, de sombras e nevoeiro, não os deixeis ascender à luz, a razão cega-os e transforma-os em bestas de carroça vazia. Ofertai-lhes senhor uma manhã de nevoeiro e, calmamente, muito serenamente, elevai-os à condição Sabática para que, para todo o sempre desapareçam sem rasto e omissão. Dai- lhes condição de escravos que, por ela e por amor dela ,tornar-se-ão indignos.
Viva El-Rei D. Sebastião!
Depois deste desvario (será que é?), acreditando ou não em sebastianismos, leiam mais este excelente livro de Miguel Real. Mas leiam mesmo, não vá o diabo tecê-las e aparecer por aí, um dia destes, uma qualquer alma penada, perguntar-nos, se já lemos. Por mim, já estou como o outro,” não acredito em bruxas”, mas, há dias, sentado numa sala de professores quase vi um D. Sebastião. Não sei se era do sono, se do nevoeiro, mas que fiquei com a sensação de ter visto uma alma do outro mundo… nem vos digo o susto, só não me benzi, porque não sei, não sou homem de muitas crenças, mas balbuciei muito baixinho, para mais ninguém ouvir: “Vade retro satanás.” O Miguel Real que me desculpe a prosa, na verdade o convívio com “os novos sebastianismos” deixou-me em transe …

Por isso, mais uma vez, recomendo: leiam! Porque depois de: Nova Teoria do Mal; Nova teoria da Felicidade (livro maravilhoso, para mim marcante), nunca se sabe se a salvação estará numa Nova Teoria do Sebastianismo.
 “Um dos mais paradigmáticos mitos portugueses analisado por um grande pensador. Nova Teoria do Sebastianismo é um ensaio que reflecte sobre o mito sebastianista como alucinação racionalmente falsa mas sentimentalmente verdadeira e nos dá a conhecer os autores que trataram o tema, desde Bandarra e Padre António Vieira até aos filósofos contemporâneos, passando por Fernando Pessoa, António Quadros, António Sérgio e Eduardo Lourenço. O presente título insere-se numa colecção na qual foram já publicados dois outros títulos de Miguel Real: Nova Teoria do Mal e Nova Teoria da Felicidade enquanto propostas para uma ética do século XXI. "Ser sebastianista hoje [...] significa, não a esperança no indefinido regresso de D. Sebastião, nem acreditar neste como o Messias regenerador da sociedade portuguesa, [...] mas ter plena consciência de que em Portugal só se atinge um patamar próspero de vida se algo (uma instituição) ou alguém dotado de elemento carismático nos prestar um auxílio que nos retire, por meios extraordinários, do embrutecimento e empobrecimento da vida quotidiana: a subserviência rastejante ao Partido, a cunha do «Senhor Doutor», a crença no resultado do totoloto ou do euromilhões, a promessa a Nossa Senhora de Fátima ou santo congénere... Esse algo ou alguém, quando negado em Portugal, impele à emigração, forçando o português a buscar no estrangeiro o que, devido às políticas de autofavorecimento das elites, lhe é negado na sua terra natal.”
Texto retirado do Book.Googles

Sem comentários:

Enviar um comentário