terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Sonho Real

Foto : Luís Sérgio

Porque é Natal e os Reis Magos não encontram o presépio, aqui fica.

Sonho Real

Percorri mais de mil léguas
À procura do caminho
Irreal.
Sentei-me para olhar
O real.
Cansado
Vi o mundo
Dos homens (ir) reais.
Esgotados, enganados,
Alguns esfomeados.
Muitos sem solução
Já não olham o mundo
Não vêem o céu.
Perdidos
Aterrorizados
Fogem da razão.
Homens num labirinto
Rebanho guiado
Num caminho triste
Sem razão,
Sem coração
Sem final.
Esquizofrénicos
Na caverna de Platão
Não aguentam a luz,
A claridade cega-os à razão.
Perdidos no mundo
Prisioneiros na escuridão
Domesticados
E cegos, mais que cegos,
Dobrados, olhos no chão,
Como bestas às voltas no poço.
Olham mas não vêem.
Não querem conhecer
Não querem ver
Não ousam percorrer
O caminho da razão.
Olho-os e choro
Choro e vejo
Esqueletos sem coração,
Marionetas de coro
Mundo triste, perdido.
Corro sem parar
Sem parar
Procuro a razão
O caminho
Real
A solução
A vida
O Homem real.
Não desisto
Não quebro.
O caminho faz-se
Em solidariedade
Percorre-se
Com fantasia
Num sonho
Mais que real.

 
Luís Sérgio