domingo, 10 de julho de 2011

Desmascarar o embuste.


Lupus mutat pilum non mentem.

Em declarações à “SIC Notícias” o professor Santana Castilho disse umas quantas verdades e defendeu um conjunto de ideias para a educação que merecem toda a atenção e reflexão.
Convém, desde já, esclarecer que não concordo com o email que por aí circula a acompanhar o vídeo da entrevista, intitulado:“ zangam-se as comadres “. A questão é mais profunda, é de carácter, ideológica e política. De carácter, porque revelou que de um lado estava uma pessoa com carácter e de palavra, do outro, mais um “ papagaio” sem palavra, sem carácter e sem réstia de qualquer conhecimento do que é seriedade; de política, porque a avaliação dos professores transformou-se numa arma política, melhor numa arma de afirmação e jogo político. O senhor dos Passos conhecedor de que as ideias sobre educação de Santana Castilho granjeavam apoio num largo sector da classe docente procurou capitalizar essa simpatia e, de mansinho, muito sorrateiramente, foi-se comprometendo e assumiu como suas ideias que eram doutro. Mas, como o quem ideias alheias toma na rua as despe, chegado ao poder, tudo obnibulou, tudo negou, tudo se foi. A partir de agora, sabemos que em termos ideológicos o Sr. Coelho é uma espécie de mito pessoano, os seus pensamentos num dia são tudo, noutro nada. Nada, noves fora nada, fazem do citado senhor um zero à esquerda (salvo seja, devia escrever direita), um verdadeiro nítido nulo. O problema é ainda político, porque o professor Santana Castilho defende uma política de Escola e para a Escola que não agrada aos mandantes da maioria agora eleita: uma política de defesa de uma Escola Pública Democrática e de respeito pela profissionalidade docente. E, aqui, meus amigos: “ é que a porca torce o rabo”. O “novo poder” deseja a todo o custo a privatização generalizada das escolas, os cheques ensino, a municipalização, a gestão autocrática, são a preparação do negócio. O lucrativo comércio educativo para avançar precisa de gestores cada vez mais dependentes do ME, mais subservientes e mais capazes de subjugar os professores. O que reconhecidamente se verificou como mau, fica agora mais reforçado e à vontade para continuar o achincalhamento. Não se trata de um problema de dinheiro, a gestão democrática ficaria mais barata, porque não regressar à eleição dos dirigentes escolares, porque não voltar à participação dos professores nas decisões, quais os custos? Os directores, neste momento, não dão aulas, já têm a sua compensação, porquê pagar-lhes mais, num país falido que tira dinheiro aos pobres… Sem as prebendas ver-se-ia quem se candidata pela educação. Veríamos finalmente quais estão por amor à causa.
A avaliação como prática de dominação patrão/empregado, numa lógica do século XVIII, constitui o cerne do actual modelo docente, a sua monstruosidade e o seu lado kafkiano assentam, sobretudo, nesta ideia. Mas isto o PSD quer, sempre quis, o problema, a aparente discordância, nunca foi ideológica, nunca foi política, a questão está tão só o não ser ele a mandar. Conhecem a História Do Cavalo Mau… para alguns, era uma autêntica e perigosa pileca, apeado o montador e substituído por cavaleiro nobre, a montada fez-se fogosa, bela, adornada e insubstituível. Assim está a avaliação dos professores.
Pelo que disse, e pelo muito que ficou por dizer, o Professor Santana Castilho era um obstáculo, uma perigosa pedra no caminho dos interesses dos servidores da troika. E sem dó nem piedade foi removido.
Acreditar, confiar. Estes foram os erros do professor Castilho, acreditar em quem não devia, pois, como diz o provérbio latino: Lupus mutat pilum non mentem, ou seja, “ O lobo muda o pêlo, não o instinto”.

Vejam e oiçam com atenção :


1 comentário:

  1. Caro Luís Sérgio:

    Isto é assim: não há embuste nenhum nem nada para desmascarar!

    Continuamos a viver, na educação e no desporto, com as leis do PS - em vez de se cancelar de imediato a avaliação dos professores ou o regime júridico das federações desportivas.

    Portanto, a conclusão é só uma. MUDARAM AS MOSCAS MAS...

    Além disso, nesta entrevista Santana Castilho diz tudo. Ficou demonstrado que as pessoas são descartáveis. Abraçam-se enquanto se precisa delas, quer seja para campanhas eleitorais quer seja para trabalharem. Se não obdecem ao poder, ou se dizem as verdades que não interessam, deitam-se fora (onde é que eu já vi isto?).

    Eu tenho que entregar um relatório de auto-avaliação até dia 15 - a única coisa para que serve é para me dar trabalho!

    Se reparares, numa certa Federação desde 2009 que não saem os resultados de 5 ou 6 cursos de treinadores - mas os candidatos pagaram - e agora a mesma até recebe 7.000€ para construírem curriculos de cursos de treinadores.

    É o nosso fado!!!!!!!!!!!!!!!!!

    Um abraço!

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